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Controle Biológico de doenças e pragas do tomateiro

Por Caroline Luiz Pimenta

Hoje, com a intensificação da exploração dos recursos naturais, proporcionada pelo desenvolvimento de tecnologias, tem gerado danos severos aos ecossistemas naturais, como por exemplo, o desaparecimento de massas florestais e sua fauna.
O desflorestamento, inerente desta exploração, além de ser efetuado para a extração de madeira e criação animal, é realizado para implementação de monoculturas, as quais levam ao aparecimento inevitável de doenças vegetais, pragas e plantas daninhas (Luiz, 2017).
Com o intuito de reduzir os problemas fitossanitários, gerados pelos métodos de cultivo atualmente empregados, o homem desenvolveu produtos químicos para o controle de doenças e pragas que, devido a sua utilização indiscriminada, causam ainda mais danos ao meio ambiente, como a poluição dos rios, do ar e do solo.
Além disso, ocasionam a contaminação dos alimentos e das cadeias alimentares, gerando malefícios à saúde de organismos superiores, como a do homem (Luiz, 2017).
Ainda que existam altos índices de utilização de agrotóxicos no cultivo vegetal, a produção livre de resíduos tóxicos e a preocupação da população com os danos ambientais têm crescido nos últimos anos. Por isso, pesquisas vêm sendo realizadas para a obtenção de métodos alternativos de controle de fitopatógenos e pragas, como o controle biológico (Luiz, 2017).

Controle Biológico
O Controle Biológico (CB) é definido como “o estudo, a introdução, o aumento e a conservação de organismos benéficos para regular a densidade populacional de outros organismos” (DeBach, 1964).
Na agricultura, o CB, tem como premissa manejar as pragas e doenças vegetais a partir do uso de inimigos naturais, que podem ser insetos benéficos, predadores, parasitóides e, microrganismos, como fungos, vírus e bactérias. Os mecanismos de ação dos antagonistas envolvidos neste sistema são: antibiose, competição, parasitismo, predação, hipovirulência e indução de defesa do hospedeiro (Bettiol, 1991; EMBRAPA, 2018) . Sendo assim, o biocontrole pode ser considerado um resultado positivo decorrente de uma variedade de interações específicas e não específicas entre hospedeiro, doença e agente biocontrolador.

O CB de pragas do tomateiro
O controle biológico já é um método amplamente utilizado em lavouras de tomate, ajudando a manejar problemas de importância econômica para a cultura.
Dentre as principais pragas da tomaticultura está a traça-do-tomateiro (Tuta absoluta). Este inseto é originário da América do Sul e está disseminado em vários países da Europa, Oriente Médio, Norte da África e Índia. A T. absoluta é um inseto minador e danifica significativamente as folhas, botões terminais, flores e frutos do tomateiro, causando reduções significativas no rendimento da planta (Lopes-Filho, 1990; Castelo-Branco, 1992; Desneux et al., 2010; Kumari et al., 2015).
Apesar de destrutiva, a praga pode ser controlada efetivamente por inimigos naturais nos seus estágios iniciais
Como por exemplo, por nematoides entomopatogênicos (Steinernema carpocapsae, Steinernema feltiae e Heterorhabditis bacteriophora), por fungo (Metarhizium anisopliae var. anisopliae) e, microvespa (Trichogramma pretiosum) (Batalla-Carrera et al., 2010; Contreras et al., 2014).
A traça-do-tomateiro, não é a única que gera prejuízos para a tomaticultura. A broca-pequena-do-fruto (Neoleucinodes elegantalis) é um outro exemplo de praga destrutiva, que vem trazendo danos significativos para o setor. Primeiramente, os adultos do inseto ovipositam o cálice ou as sépalas. Após a eclosão dos ovos depositados, ocorre a penetração das lagartas no interior dos frutos, provocando danos significativos e reduzindo drasticamente a produtividade. Assim como para Tuta absoluta, o uso do parasitoide de ovos Trichogramma pretiosum e a aplicação do microrganismo Bacillus thuringiensis, são também indicados.
Além da traça e das brocas, também se destacam a tripes (Thrips tabaci, T. palmi e Franklinelia occidentalis) e a mosca-branca (Bemisia tabaci). Estes invertebrados são transmissores de viroses que limitam ou inviabilizam a produção, por isso, o seu manejo torna-se muito importante em lavouras de tomate. As espécies de tripes, por exemplo, podem ser controladas com liberações inundativas de percevejos predadores do gênero Orius. No caso da mosca-branca, o fungo entomopatogênico, Beauveria bassiana é uma excelente alternativa.
Existem alguns produtos, a base de organismos vivos, permitidos para uso na cultura do tomate e disponíveis no mercado Brasileiro. Os formulados devem ser utilizados em conjunto com técnicas do manejo integrado de pragas, principalmente com o manejo cultural. Esta prática, além de favorecer os organismos inseridos no ecossistema lavoura, pode ajudar significativamente, na atração e multiplicação de outros inimigos naturais.
O CB de doenças do tomateiro, o controle biológico de doenças vegetais pode ser definido como “a redução da soma de inócuo ou das atividades determinantes da doença, provocada por um patógeno, realizada por um ou mais organismos que não o homem. ” (Cook e Baker, 1983). Assim como no manejo de pragas, o controle biológico de doenças do tomateiro é uma prática muito importante para a manutenção da saúde da lavoura.
Neste contexto, os microrganismos benéficos do solo, para a contenção de patógenos veiculados pela terra, ganham um papel de destaque. O Trichoderma spp., por exemplo, é utilizado com sucesso no controle de doenças como o mofo cinzento (Sclerotium rolfsii), tombamento (Rhizoctonia solani), murcha de fusarium (Fusarium spp.), podridão das raízes (Phytium spp.) e requeima (Phytophthora infestans). Este microrganismo benéfico atua principalmente como predador, atacando hifas e estruturas de reprodução e sobrevivência dos fungos fitopatogênicos. Fungos do gênero Trichoderma podem ser encontrados em produtos formulados ou serem capturados em mata virgem junto com outros microrganismos denominados de eficazes. É importante salientar que o CB de doenças deve ser acompanhado por práticas culturais para criar um ambiente favorável aos antagonistas e favorecer o controle biológico natural.

Literaturas para elaboração deste material e recomendação de leitura:
BATALLA-CARRERA, L., MORTON, A., GARCÍA-DEL-PINO, F., 2010. Efficacy of entomopathogenic nematodes against the tomato leafminer Tuta absoluta in laboratory and greenhouse conditions. BioControl 55, 523–530.
BETTIOL, W. Componentes do controle biológico de doenças de plantas. In: Bettiol, W. (Ed.) Controle biológico de doenças de plantas. Jaguariuna. Embrapa. 1991. pp.1-5.
CASTELO-BRANCO, M., 1992. Flutuac¸ao populacional da trac a-dotomateiro no Distrito Federal. Horticultura Brasileira 10, 33–34.
CONTRERAS, J., MENDOZA, J.E., MARTÍNEZ-AGUIRRE, M.R., GARCÍA-VIDAL, L., IZQUIERDO, J., BIELZA, P., 2014. Efficacy of entomopathogenic fungus Metarhizium anisopliae against Tuta absoluta (Lepidoptera: Gelechiidae). Journal of Economic Entomology 107 (1), 121–124.
DEBACH, P., 1964. The scope of biological control. In: DeBach, P. (Ed.), Biological Control of Insect Pests and Weeds. Reinhold, New York, USA, pp. 3–20.
DESNEUX, N., WAJNBERG, E., WYCKHUYS, K.A.G., BURGIO, G., ARPAIA, S., NARVÁEZ VASQUEZ, C.A., GONZÁLEZ-CABRERA, J., CATALÁN RUESCAS, D., TABONE, E., FRANDON, J., PIZZOL, J., PONCET, C., CABELLO, T., URBANEJA, A., 2010. Biological invasion of European tomato crops by Tuta absoluta: ecology, geographic expansion and prospects for biological control. Journal of Pest Science 83, 1–19.
EMBRAPA, 2018. Controle biológico: ciência a serviço da sustentabilidade. https://www.embrapa.br/tema-controle-biologico/sobre-o-tema. Acessado em: 03/12/2018.
LUIZ, C. Nanoemulsões de Aloe vera e óleos essenciais de Melaleuca alternifolia e Cymbopogon martinii como indutores de resistência controla a mancha angular do morangueiro (Xanthomonas fragariae). Tese (doutorado), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2017. 97p.
LOPES-FILHO, F., 1990. Tomate industrial no submédio Sao Fracisco e aspragas que limitamsua produçao. Pesqui Agropecu Bras 25, 183–288. Kumari, D.A., Anitha, G., Anitha, V., Lakshmi, B.K.M., Vennila, S., Rao, N.H.P., 2015. New record of leaf miner, Tuta absoluta (Meyrich) in tomato. Insect Environment 20 (4), 136–138.

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