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S.O.S HORTIFRUTI BRASIL

Por Welson Perli Pereira, Consultor Técnico de Soluções Integradas

Certamente você já deve ter ouvido fala do Samuel Morse o inventor do código morse, um sistema de  letras e números  que foi um meio de comunicação de navios e aeronaves durante muito tempo e exigia pessoas totalmente aptas a transmitir mensagens de maneira muito rápida e interpreta-las da mesma maneira ágil para que ações fossem tomadas e direcionadas conforme a demanda, nesse sistema de comunicação a sigla S.O.S era formada por três pontos e três traços foi uma maneira universalizar um aviso de perigo que na tradução livre Save Our  Soul onde traduzido para o português significa  salve nossas almas. Um ditado popular rural aprendido durante a minha adolescência me marcou muito e diz da seguinte forma:

“Um ponto e um risco para quem entende do riscado se chama Francisco”, a meu ver esse era a interpretação popular do algoritmo Morse de uma maneira muito mais sofisticada, pois a interpretação da mensagem tem haver diretamente do contexto da observação de quem emite a mensagem, do contexto do geral, do contexto momentâneo por quem é emitida a mensagem e do contexto do receptor da mensagem, ou seja entender o seu processo nas entrelinhas é vital, pois quem pede socorro precisa entregar uma mensagem simples e direta e depender do tempo e da frequência de quem será o sensibilizado pela informação, pois talvez ela tenha efeito ou não.

O setor produtor de HF brasileiro está à deriva a muito tempo e principalmente o tomaticultor que viveu até aqui atracado numa falsa segurança usando uma ancora de correntes totalmente apodrecida em um navio  chamada oportunidade de casco enferrujado no meio de um mar de incertezas;  até então o tomaticultor de mesa brasileiro viveu ancorado nessa falsa sensação de segurança pois o nosso modelo de produção nunca foi pautado na eficiência e sim na oportunidade econômica, imagine na região de Irecê na Bahia um pé de tomate rasteiro destinado a mesa custava no início da década de 2000  em torno de 1,20 R$ / pé e se tinha uma produção média de 2100 cx e com um custo / ha de 7200,00 R$, com um custo / de 3,43R$ cx, vendendo  1 cx de tomate de 15,00 R$ obtendo um lucro bruto de até 437% do capital investido, o risco justificava a entrada de qualquer um no setor, pois com pouco dinheiro se obtinha grandes resultados e dentro desse universo foi sendo criado pilares dogmáticos para dar validade em uma falsa segurança da oportunidade, a palavra eficiência sempre esteve em segundo plano e muitos tomaticultores deveriam mudar o seu sobrenome para Sorte ( tipo Joaquim da Silva Sorte) pois para quem viveu nesse navio da oportunidade não saberá como navegar até a ilha chamada da eficiência, pois para se chegar até ela se necessita navegar em um mar conturbado que demanda muito conhecimento, o tomaticultor precisa entender definitivamente que eficiência hoje é se produzir 10000 cx / ha /ano, com um custo / cx de 20,00 R$.

Como interpretar um S.O.S de quem está achando que esse momento atual da horticultura só está passando por um momento difícil? Como interpretar um S.O.S onde nem todos compreendem a real situação? Como interpretar o pedido de socorro de uma classe desunida como a dos produtores de HF? Como escutar uma parcela da sociedade que acha que produção doméstica é parte do complexo agro das grandes comodities?

Em um cenário de diversidade geográfica tão variada e significativa quanto é a brasileira se faz   se faz necessário fomentar reforma das estruturas básicas e ela passa por 3 pilares fundamentais: o agronômico, o econômico e o político. O nosso problema na atualidade está justamente na lição de casa que não fizemos, não criamos bases solidas educacionais voltadas para o conhecimento sobre a vida, toda via todo esquema agrícola nacional é influenciado pelo agronegócio e criar antes mais nada uma consciência crítica sobre a situação que os problemas que enfrentamos hoje são problemas de causas estruturais e sem dúvida a educação voltada para vida está defasada.

O nosso paradoxo nesse atual momento é perceber que os dois únicos prejudicados de fato é quem produz e quem consome, traduzindo: preço barato pago ao produtor, preço caro de compra para o consumidor final que são pressionados de um lado pela queda do poder de compra e por outro lado o aumento drástico no preço dos fertilizantes, o clássico MKP custava que custava 250,00 R$ para o pequeno produtor hoje custa 540,00R$ e me pergunto toda hora como fazer essa conta fechar para o produtor e não vejo saída dentro dos mecanismos convencionais; se o produtor sofre no campo o efeito é cascata, a população sofre nas cidades.

 A sensibilização no setor hortícola mundial está na alta estupida dos preços da cadeia dos fertilizantes, principalmente nos ditos fertilizantes solúveis para fertirrigação dentre a qual a horticultura é extremamente dependente, como economizar em nutrientes e ser eficientes na produção das hortaliças? Dentro da conjuntura agronômica atual seria quase impossível se produzir uma vez os cálculos de adubações ultrapassados levam em consideração a demanda nutricional, ou seja, aquilo que planta extrai e converte em produção, já sabemos na prática que esse conceito esconde uma enorme falácia, pois não leva em consideração a biota de solo como agente de potencialização e ferramenta de economia de fertilizantes.

Tornar o produtor de HF autossustentável é a missão de ordem para quem pensa na qualidade de vida dos seus cidadãos, a meu ver viabilizar um futuro de maior segurança alimentar é garantir preços mínimos aos seus produtores e comida com um preço justo e de qualidade na mesa das pessoas, essa estruturação nas políticas para a agricultura familiar é garantir a soberania nacional alimentar, a grande estratégia na produção mundo a fora é o cuidado com o solo e linhas de credito para fomentar o cultivo protegido e subsidia-lo da forma certa e transformar a pequenas propriedade em um polos de tecnologias e sustentabilidade.

O pensamento corporativista na sua totalidade parece ser utópico, no entanto não vejo saída para o pequeno e médio produtor a não ser pelas vias de estabelecimentos de cooperativas e associações uma vez que um S.O.S comunitário faz mais sentido do que um empréstimo particular em um banco para fomentar uma atividade que cada vez mais carece por falta de união.

Em tempos de tecnologias digitais um alerta de S.O.S pode soar como um pedido de socorro, como um manifesto as causas perdidas ou sinal de um setor entrando em colapso devido a surdez política e orientado pela estupidez para acreditarmos que certos assuntos podem esperar, e se esquecem que necessitam de um agricultor diariamente para sobreviver.

 

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