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O manejo biorracional do solo e substrato nos tomateiros

Por Taciana Maria Guimaro, engenheira agrônoma

Para falar de manejo biorracional, primeiramente é preciso entender a função e a importância do solo e/ou do substrato no cultivo agrícola. O solo é um componente fundamental do ecossistema  e tem como umas das funções agrícolas: sustentação das plantas, fornecimento de água e oxigênio para o desenvolvimento das raízes e  fornece também nutrientes para o desenvolvimento das plantas. 

O uso do solo ou de substrato no cultivo de tomate tem sido objeto de estudo e discussões com o objetivo de encontrar alternativas de manejo racionais que possibilitem que estes componentes do sistema de produção atendam as necessidades técnicas de cultivo do tomate de maneira sustentável. 

Durante muitos anos tem-se realizado o manejo convencional do solo e na maior parte das vezes é negligenciado o manejo sustentável, comprometendo assim, seu uso agrícola e tornando o solo passível de degradação. Este tipo de manejo prejudica o desempenho do solo e suas funções, além de interferir negativamente no desenvolvimento das plantas, conseqüentemente prejudicando a produtividade agrícola.

Atualmente pode-se observar a degradação do solo em diversos processos, tais como: redução de sua fertilidade natural, diminuição da matéria orgânica do solo, perda de solo e água por erosão hídrica (causada por chuvas) e eólica (causada pelos ventos), entre outros.

Aspectos físicos, químicos e biológicos e o manejo biorracional do solo

O manejo biorracional corresponde ao conjunto de técnicas que possibilitam a conservação dos aspectos físicos, químicos e biológicos do solo e o mesmo só pode ser realizado a partir do entendimento dos componentes do solo e a sua interdependência para o equilíbrio do ecossistema.

Seu aspecto físicos corresponde a estrutura e a textura que é composta por: 45% de minerais (areia, silte e argila), 50% de ar e água e de 2 – 5 % de matéria orgânica.

Os aspectos químicos correspondem aos nutrientes que se encontram na água, na rocha de origem do solo e nas atividades da macro e da microfauna.

Aspectos biológicos correspondem a todas as formas de vida que habitam o solo: milhares de espécies de fungos, bactérias, vírus, algas e outros seres que são responsáveis pela decomposição da matéria orgânica e estabilidade da fertilidade do solo.

Uma das técnicas de manejo biorracional em solo é a adubação verde. Esta técnica consiste em cultivar plantas com o objetivo de serem incorporadas ao solo ou utilizadas como cobertura morta, na sua máxima produção de biomassa (época de florescimento) e teor de nutrientes, como fonte de material orgânico, rico em nutrientes que ficarão a disposição do cultivo. 

Adubação verde e a cura de solos degradados

A adubação verde recupera solos degradados por meio de uma grande produção de raízes, protege os solos das chuvas intensas, minimiza a erosão, aumenta a capacidade de retenção de água e de fixação de nutrientes no solo como o nitrogênio (N2) através do uso de espécies leguminosas (Ex: Mucuna, Crotalária etc).

Materiais sintéticos ou naturais para a cobertura do solo também devem ser usados no manejo biorracional do solo. Dentre os materiais sintéticos pode ser citado o mulch, que pode ser de distintos tipos de materiais e cores. Esse material é utilizado para diminuir a temperatura do solo (dependendo o período do ano e região) e, desta forma promover um bom desenvolvimento dos microorganismos do solo e promover um ambiente saudável na região da rizosfera. 

Além de um melhor controle da temperatura este sintético irá conservar a umidade do solo e inibir o surgimento de plantas daninhas. Porém, é essencial avaliar com cautela os aspectos climáticos onde será realizada a implantação do mulch plástico, pois o mesmo sem a aplicação correta, pode gerar o efeito reverso.  

Já no aspecto de fertilidade do solo, o manejo biorracional tem como principal premissa técnica a gestão da fertilidade do solo, ou seja, implantar ferramentas de monitoramento e gerenciamento que possibilitem verificar os aspectos químicos do solo. 

Uma ferramenta de gestão pouco utilizada pelos produtores é a análise de solo e sua interpretação, ou seja, através desta ferramenta simples é possível aplicar os insumos na quantidade correta e manter o equilíbrio dos nutrientes na solução do solo e, desta forma promover um bom desenvolvimento das plantas. 

O monitoramento contínuo da quantidade aplicada de fertilizantes durante o ciclo de desenvolvimento do cultivo é uma ferramenta muito importante e muitas vezes não é realizada. Esta prática tem como principal objetivo acompanhar se o ambiente está equilibrado para o desenvolvimento da planta, se a retirada pela planta dos nutrientes da solução do solo ou substrato, está atingida e, desta forma refletindo em produtividade.

A gestão da irrigação é um dos aspectos técnicos mais importantes no manejo biorracional e um dos mais negligenciados pelos produtores de tomate e outras espécies de plantas. A quantidade de água fornecida para a planta é realizada de forma empírica, ou seja, sem o uso de ferramentas como o tensiômetro para auxiliar na tomada de decisão de qual momento irrigar e de quanto irrigar. A quantidade depende diretamente de fatores como: clima, textura do solo , variedade e idade fisiológica da planta.

O uso de microorganismos benéficos como o Trichoderma sp., Bacillus subtillis dentre outros é uma das técnicas que devem ser mais exploradas no manejo biorracional, devido ao alto potencial de resultados que estes microorganismos possibilitam vivendo em sinergia com as plantas.

Substrato e o manejo biorracional

O cultivo de tomate em substrato vem sendo um sistema de cultivo cada vez mais utilizado pelos produtores ao longo de todo o território nacional

Este é aumento pode ser atribuído a alguns fatores como: perda de fertilidade por manejo incorreto, empregado ao longo do tempo. A alta incidência de patógenos como fungos, bactérias e nematóides, inviabilizando seu uso. o manejo biorracional tem como principal premissa técnica a gestão da fertilidade do solo, ou seja, implantar ferramentas de monitoramento e gerenciamento que possibilitem verificar os aspectos químicos do solo.

O manejo biorracional tem como principal premissa técnica a gestão da fertilidade do solo, ou seja, implantar ferramentas de monitoramento e gerenciamento que possibilitem verificar os aspectos químicos. No entanto, mesmo com o aumento do uso deste insumo para a produção de tomate em ambiente protegido, tem-se verificado a dificuldade de manejo e conseqüentemente a falta de sucesso no uso do cultivo em substrato.

Quando opta-se pelo cultivo em substrato é importante entender que deve-se ter uma boa estrutura física do material utilizado para que se promova uma boa oxigenação do meio de cultivo e, desta forma, as raízes encontrem condição adequada para seu desenvolvimento. 

No cultivo em substrato entende-se qual o tipo de material implantado (fibra de coco, casca de pinus, turfa, vermiculita, casca de arroz crua ou carbonizada), pois, este aspecto vai interferir diretamente no manejo da irrigação. Deve-se identificar se são materiais de maior ou menor drenagem para que não seja comprometido o equilíbrio da região da rizosfera da raiz no pote e, como consequência, um desequilíbrio na nutrição da planta e em seu desenvolvimento.

O substrato por estar em um ambiente confinado (vasos, slabs etc) vai limitar o desenvolvimento das raízes e vai dificultar o manejo hídrico ao longo do perfil do vaso. É necessário acompanhar o regime de irrigação constantemente para que não seja fornecido em excesso ou em falta tanto a água quanto os nutrientes. 

Outro monitoramento que é possível realizar no cultivo em substrato é o drenado dos vasos. Monitoramento a quantidade drenada, o Ec e o pH do drenado é possível avaliar se as plantas estão conseguindo ter uma nutrição equilibrada e se está sendo fornecida uma quantidade equilibrada de água.

O uso de microorganismos em substrato também é uma técnica de manejo biorracional que deve ser adotada desde a fase inicial do cultivo. Um exemplo é  o Trichoderma que é uma espécie de fungo benéfico que se adapta a diferentes ambientes devido ao seu alto oportunismo de produção de enzimas hidrolíticas e grande capacidade para reparar danos celulares. Além de sua certa  tolerância ao calor, ajuda as plantas a superar estresses ambientais. Seus mecanismos de biocontrole são: microparasitismo, antibiose e competição. Também a indução de resistência da planta.

Em resumo, é extremamente necessário que as técnicas de manejo biorracional sejam implantadas e realizadas no sistema de produção para que a sustentabilidade do sistema seja alcançada e perpetue, consolidando assim, uma forma um cultivo consciente e promissor do tomate no país. 

As técnicas de manejo biorracional tem como principal premissa a consolidação, perpetuação do tomate no país com sistema sustentável e consciente

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