Fonte: European Commission

As pessoas amam tanto os tomates que agora são a hortaliça mais importante do mundo. Mas à medida que as temperaturas mundiais aumentam, o risco de perder esta fonte vital de alimento tornou-se muito real. O projeto TomGEM, financiado pela UE, identificou novas variedades com melhor tolerância ao calor para garantir que os cidadãos possam continuar a desfrutar de todos os saborosos alimentos à base de tomate que adoram por muito tempo.

Todos nós já ouvimos nossos pais ou avós nos dizerem como os tomates costumavam ter um sabor melhor naquela época. Embora isso possa ser facilmente descartado como nostalgia equivocada, a triste verdade é que, se nada mudar, em breve poderemos contar exatamente a mesma história para nossos netos. Nos últimos anos, o aumento da temperatura em toda a Europa causou quedas de até 80% na produção de tomate. Manter a estabilidade do rendimento sob condições adversas de temperatura sem comprometer a qualidade agora é o nome do jogo. Este é o contexto em que surgiu o projeto TomGEM, financiado pela UE. O projeto teve como objetivo projetar variedades de tomate tolerantes ao calor e criar novas práticas de manejo de culturas em face das mudanças climáticas.

“TomGEM baseia-se na experiência e habilidades complementares de laboratórios reconhecidos internacionalmente e produtores e criadores de tomate experientes. Juntos, investigamos os efeitos de temperaturas ambientais elevadas na iniciação dos órgãos florais, fertilidade do pólen, frutificação, crescimento dos frutos e comportamento pós-colheita”, diz o coordenador do projeto Mondher Bouzayen, professor de Biotecnologia no Instituto Politécnico Nacional de Toulouse. As temperaturas ideais para o crescimento do tomateiro oscilam entre 21 e 29 °C durante o dia e 18 e 21 °C à noite. Qualquer coisa além desses limites terá efeitos negativos na frutificação e na qualidade. Como aponta Bouzayen, muitos estudos também relacionaram temperaturas mais altas com uma diminuição no rendimento do tomate. Em outras palavras, o único caminho a seguir é identificar genótipos de tomate que possam resistir e até prosperar sob condições de temperatura adversas.

Caminhos para melhorar o rendimento

“Nossas equipes tiveram acesso a uma grande coleção de germoplasma de tomate de todo o mundo. Selecionamos mais de 2.000 genótipos correspondentes a variações naturais ou induzidas em diferentes locais e avaliamos seu desempenho em relação ao estresse térmico. Para isso, usamos um conjunto comum de descritores fenotípicos e parâmetros ambientais”, explica Bouzayen. Os resultados desta grande investigação são armazenados no PhenoTomGEM, um banco de dados baseado na web preenchido por todos os parceiros do projeto.

Dentro de todos esses dados está uma preciosa lista de genótipos superiores com alta tolerância ao estresse térmico e alta estabilidade de rendimento, mas também novos genes e novos marcadores que ajudarão os criadores de tomate a criar variedades de tomate mais adequadas para condições de alta temperatura. Um total de 18 genótipos foram pré-selecionados, sete dos quais apresentam desempenho superior nos três países de teste da Bulgária, Itália e Espanha. Mas isso não é tudo. A equipe do projeto também revelou o que eles chamaram de “kit de ferramentas mais poderoso” – uma lista de determinantes da fertilidade do pólen sob condições de alta temperatura. Estes servirão como um ótimo ponto de partida para desenvolver novas variedades resistentes ao calor.

Outras entregas do projeto incluem: uma plataforma que acelera a busca de genes candidatos (TomExpress); um estudo de 4.000 mutantes de tomate existentes; um bioestimulante à base de plantas que pode aumentar a tolerância do tomate a altas temperaturas; um conjunto de melhores práticas de gestão; e novos híbridos de tomate que já estão dando o que falar no setor. A variedade do projeto ‘Aleno sartse’ (Ruby Heart) ganhou até o prêmio de inovação na XXVII Exposição Agrícola Internacional em 2018. Em suma, o TomGEM é uma mina de ouro de informações para as partes interessadas que procuram garantir que as gerações futuras possam desfrutar de tomates saborosos em quantidades suficientes. Como o próprio Bouzayen diz, “agora temos uma maior compreensão da genética por trás da tolerância e suscetibilidade a temperaturas mais altas. Encontramos sinalizações localizadas no genoma do tomate que apontarão os criadores para variedades com melhor tolerância ao calor e desenvolvemos novas práticas de manejo mais adequadas às novas cultivares e às condições de crescimento em constante mudança”.